domingo, 17 de novembro de 2013

O mundo está Em Chamas!



Sim, eu sou fã e surtei demasiadamente na estreia deste filme. Portanto, vou me abster de qualquer imparcialidade! Também aviso diante mãos que está repleto e transbordando de spoiler. E vou apenas destrinchar toda a minha empolgação, gostos e desgostos levados e avaliados pela emoção do momento e por esse sentimento que ainda está agarrado a mim mesmo após três dias que vi o filme. Não prometo nenhum texto bonito, nem estruturado; fiz sem comprometimento e apenas para extravasar.

Em Março de 2012, Jogos Vorazes, o primeiro filme da franquia, dirigido por Garry Ross, iniciou os trabalhos do que passou a ser a maior expectativa em adaptações livros-filmes juvenil dos últimos anos. O filme foi bem concebido pelos fãs, mas agregou alguma críticas, principalmente quanto a técnicas e recursos, outras relacionadas a abordagem corretas de personagens. Mudado o diretor, as sequências seriam agora assumidas por Francis Lawrence, e as perspectivas apenas aumentaram. Qual seria a ótica do novo diretor? Manteria a mesma fidelidade que Ross juntamente com a Suzanne, autora dos livros, utilizaram?

Quando estava acompanhando as novidades do filme, e até a última hora antes da estreia, confesso que estava muito insegura quanto a adaptação. Sabia que provavelmente seria superior, afinal o orçamento arrecadado com o primeiro exigia que fosse usada para tal melhora. Mas e o roteiro? E tantas cenas que poderiam ficar de fora ou serem mudadas... Alguns personagens que mereciam ter adaptações não desmerecidas.  Tudo isso dentro de um âmbito em que o livro tinha histórias e contexto em abundância e teria que ser compactado para poucas horas.  Eu era aquela que afirmava quando recebeu a notícia que “Mockingjay” seria dividido em 2, que preferia que “ Catching Fire” fosse. Afinal, diante do primeiro livro-filme, esse segundo traria a história do primeiro – preparação para os jogos e arena – mais a história da turnê e os primeiros levantes.  Como compactar sem cortar detalhes fundamentais ou deixar o filme corrido demais?


Então, dia 15 chegou (consegui ir a uma estreia, ainda que dublada, pela primeira vez.), e
todas as inquietantes questões seriam respondidas. E até agora ainda estou besta de terem fechado com A+ a maioria delas.


Minha primeira consideração vem das fidelidades, principalmente nas linhas orais; a falas. Para quem leu ao livro e foi flechada com as intensas trocas de palavras na primeira cena de destaque entre Katniss e o Presidente Snow, radiou ao ouvir a forma gradual como ele ia expondo os efeitos de líderes rebeldes, do sistema de uma sociedade totalitária e como manter a estrutura de repressores contra os repreendidos. A sagaz Katniss e seu “... é frágil mesmo, se um punhado de amoras pode derrubá-lo”. A cena retoma muito bem o embate entre os dois polos antagônicos, abrindo o conflito do que a protagonista teria que enfrentar durante boa parte do filme.

Outro ponto que destaco da fidelidade que me encheram os olhos foi a quantidade de
Precisava inserir uma foto desses dois fofos. Pode?
cenas que eu jurava que seriam deixadas de lado terem sido aproveitadas como detalhes. Claro que muitas delas apenas foram absorvidas pelos fãs, mas que aglomeradas como um todo deu ao filme um tom mais completo – um ponto que não vi no primeiro.  Cenas entre Peeta e Katniss que mesmo fora de seus âmbitos, foram adicionadas às outras e retomou a cumplicidade do casal que pouco foi trabalhado no primeiro episódio. Cores favoritas, “Sempre”, pequenos flashes de seus alentos e cuidados nas noites de pesadelos. E o que dizer do sangue de Snow no copo de champanhe já abrindo ‘parênteses’ para fatos que serão trabalhados nos próximos filmes. Para os novatos, possa ter até parecido deslocado, mas se abordado posteriormente, achei fantástico a mostra prévia, prometendo uma surpresa do entendimento posterior.

E ainda abordando os detalhes - e está aí uma palavras que podia muito bem definir o filme-  agora  envoltos no contexto sócio-político e sua crítica ferrenha, as analogias, ironia estavam subentendidas em muitas cenas, personagens e abordadas. O que não faltava eram pequenas particularidades pela qual tirar uma mensagem. Desde a pequenina neta do Snow, fantasticamente inserida para mostrar que a influência de uma ideia percorre variados segmentos quando bem instalada, à tacinhas que “ajudam” a consumir mais e mais alimentos, enquanto em distritos pessoas passam fome. 


Quanto a estrutura do filme, roteiro e evolução, em mim, digo que transcorreu perfeitamente. Diferente daqueles sedentos por ação e que alegam ter achado arrastado, digo que cada cena foi perfeitamente encaixada para explicar e trazer uma evolução. A primeira parte do filme fluiu de tal forma que em nenhum momento achei forçado. Diferente do primeiro longa que esta primeira metade seria uma grande apresentação do universo retratado atribuindo certa lentidão, desta vez o “fora da arena” já carregava o conhecimento de seu funcionamento e a rapidez com que fora jogava as cenas não se mostrou forçado. Ainda que digam ser uma reprodução do primeiro e assim soar ser um medo que me atingia, não achei que atribuiu a sequência o estigma de cópia da anterior. Era uma repetição necessária dos costumes, só que desta vez foi taxativa, sem delongas, como se os próprios personagens estivessem imperdoáveis quando à maçante tradição desgastada da Capital e usassem dela apenas para dar seu recado revoltoso. Treinamento? Enforco um antigo idealizador. Desfiles? Olhares desafiantes e duros. Entrevistas fúteis? Ofendo o sistema, retomo o símbolo que ferve o país.  “Não queremos seu perdão”.

Vi em muitas críticas e comentários a abordagem por falta de ação e sangue. E o que me parece é que muitos ainda não entenderam que este segundo filme é extremamente mais político que de agressão. Necessitava-se exaltar o contexto, as consequências dos feitos dos primeiros Jogos e todo o fervor dela na sociedade, a própria postura inquieta e desafiante anteriormente citada conjurando na Arena apenas a representação do contra-ataque e de como usar este como ferramenta iminente para a explosão da revolução.

Não trocaria a intensidade dos levantes por nenhum banho de sangue na arena. Cinna apanhando, chicotadas e a representação forte da repressão foram tão bem exploradas que dispensaram o apelo compassivo pelas mortes na Arena. A grandiosidade de como os distritos já se portavam inquietos foram o ápice do filme. A primeira cena da turnê da vitória em que Peeta recusa discursos prontos firmando sua própria palavra e Katniss até o momento retraída precisou deixar-se transbordar seus sentimentos foi grandiosa.  Seu contexto de “manter a lembrança da mão de ferro e ainda comemorá-la” dissolvida na representação sentimental e revoltosa calou até os mais barulhentos do cinema que estavam gritando até quando apareciam os matos do distrito 12. A Jennifer Lawrence trouxe as primeiras lágrimas do filme quando estampou em seu semblante a dor da Katniss. 

O estresse pós-traumático (que eu pensava ser abordado só no terceiro) focado na Katniss intensificou ainda mais. Mostrou o lado humano em paralelo ao universo manipulado e em revolução. Arena não foi uma deliberada experiência. Apontar que seus efeitos são mais que a representação de entendimento para a Capital que finda sua emoção quando se tem um vencedor. Seus efeitos para quem vivenciou vai além que um mérito, é doloroso, irreparável.   A primeira cena com o Marvel foi um choque e perfeitamente encaixada. Até um símbolo, uma fundamental imagem de exemplos possui mais fraquezas que e instabilidades do que se pode imaginar.

Parabéns a Jennifer Lawrence representou tão bem está humanidade. Que deu vida, dor e inquietude as agonias de Katniss.


Entretanto, outro ponto digno na adaptação, foi o merecido foco e evolução em variados personagens. A evidente valorização do Peeta foi algo orgulhoso de ver, o que riscou um dos meus maiores temores. O personagem cresceu e mesmo mostrando-se impelido sentimentalmente à Katniss, deixou notar que sua força não é física ou bruta e sim vinda das particularidades de suas palavras, jeito com o público e persuasão. Destaque total à Johanna Mason que roubou duas cenas dignas de “melhores” no filme, tirando a roupa e soltando um belo palavrão ao vivo e a cores. Outro personagem que achei muito bem trabalhado foi a Effie. Representante do lado alienado da Capital, trouxe comédia ao filme – Quem percebeu e amou a tirada do “mahogany” em homenagem ao sucesso que fez com os fãs?-, mas diferente do livro mostrou também um lado mais humano. Tanto a cena na Colheita: tentava manter a deturpada alegria, mas via-se no olhar e na situação tensa de armar suspense na imutável escolha da Kaniss, um vestígio de desconforto. Quanto na despedida para Peeta e Katniss.

Um balanço que deu uma dinâmica ao filme foi o equilíbrio entre comédia e drama. Diferente do primeiro houve muito mais cenas descontraídas que balanceava as angustias de cenas anteriores. E o mais interessante é que esta comédia era provida justamente da alienação dos cidadãos da Capital. Criticamente, eram tão exagerados em suas expressões – à Caesar e Stanley Tucci, minha admiração; que figura e que interpretação -, que representou nos risos que aquilo era o ridículo a ser dispensado.

Foram pouquíssimas coisas que trago como demérito. Muitos citam a falta do massacre em que Haymitch vence, entretanto eu acharia que seria corrido demais para se acrescentar. Acho que eles têm um “Mockingjay – Parte 1” em aberto que se utilizado com inteligência para não parecer deslocado, poderiam abordar tal cena. Quando saí do cinema, minha primeira consideração foi a falta do relógio de Plutarch, porém, melhor pensado, a exibição desse, considerando quem apenas está vendo o filme, deixaria óbvio a traição e duplo lado do personagem. Para quê tirar o gostinho da cena em que Snow o clama e não temos não nada como resposta? Portanto, o único fato efetivo que considero ter sido desvirtuado e mal utilizado, foi a estratégia de gravidez. Foi uma tática desesperada, ótima para atrair mais revoltas, mas foi utilizada apenas e unicamente naquele momento. Senti falta da menção dela na arena, em como “o joguinho para as câmeras” poderia ser mais aproveitados para continuar com a estratégia. Pareceu que foi esquecido diante do roteirista, o que deixou a tirada como algo meio desnecessário – o que não seria.

Contexto, temática, elenco, efeitos visuais, fotografia, trilha sonora. O conjunto do filme se resume numa explosão de produção, e como fã acho muito difícil não ter sido agradado com a adaptação, levando em conta que cinema e livro são dois veículos distintos de reprodução, cada um com sua particularidade.


Aproveitem o que o filme há para mostrar sem assumir uma postura negativa ou contrária apenas por ele está “nos holofotes”. E ainda que não seja a melhor produção do mundo ou ainda a melhor distopia existente, ressalto que em meio a tantos gostos vazios que circulam o mundo jovem, é válido uma história que possa acrescentar uma reflexão. E fãs, não encarem apenas como uma sociedade legal que ‘queriam fazer parte’ ou um romancezinho para entrar em discussão (não tem nem o que discutir, né? Peeniss é vida. Ok.). Temos elementos pelos quais surtar e reagir como fãs, e isso são válidos e até inevitável. Só não deveríamos deixar que tais seguimentos cegar a boa mensagem que a trilogia trás, fazendo de seu objetivo um efeito contrário.



PS lembrados de última hora:


1- Enganaram-nos direitinho no Trailer final, hein? E pensamos que a cena da Katniss na árvore atirando era a cena final... HAHA.

2-  Beach Scene, ah... querida, Beach Scene. Tudo bem que não foi o idealizado, mas valeu pelo beijo, certo?

3- A evolução do Tordo: Jogos Vorazes, Em Chamas e por fim, o Tordo liberto de A Esperaça arrepiou demais e juntamente com olhar desafiador de Katniss só vez crescer a ansiedade para o começo do fim. E àqueles que dizem que não ouve uma conclusão? Se é uma saga, é porque ainda há coisa para contar. E um círculo foi fechado sim nesse filme: Não há mais o que camuflar, apaziguar, a revolução começou, Panem está em guerra. 

4- (Sujeito a edição: Vou deixar reservado caso lembre de mais alguma coisa, o que com certeza farei.. ).

















Nenhum comentário:

Postar um comentário