Sim, eu sou fã e surtei
demasiadamente na estreia deste filme. Portanto, vou me abster de qualquer imparcialidade!
Também aviso diante mãos que está repleto e transbordando de spoiler. E vou apenas
destrinchar toda a minha empolgação, gostos e desgostos levados e avaliados
pela emoção do momento e por esse sentimento que ainda está agarrado a mim
mesmo após três dias que vi o filme. Não prometo nenhum texto bonito, nem
estruturado; fiz sem comprometimento e apenas para extravasar.
Em Março de 2012, Jogos Vorazes,
o primeiro filme da franquia, dirigido por Garry Ross, iniciou os trabalhos do
que passou a ser a maior expectativa em adaptações livros-filmes juvenil dos
últimos anos. O filme foi bem concebido pelos fãs, mas agregou alguma críticas,
principalmente quanto a técnicas e recursos, outras relacionadas a abordagem
corretas de personagens. Mudado o diretor, as sequências seriam agora assumidas
por Francis Lawrence, e as perspectivas apenas aumentaram. Qual seria a ótica
do novo diretor? Manteria a mesma fidelidade que Ross juntamente com a Suzanne,
autora dos livros, utilizaram?
Quando estava acompanhando as novidades
do filme, e até a última hora antes da estreia, confesso que estava muito
insegura quanto a adaptação. Sabia que provavelmente seria superior, afinal o
orçamento arrecadado com o primeiro exigia que fosse usada para tal melhora.
Mas e o roteiro? E tantas cenas que poderiam ficar de fora ou serem mudadas...
Alguns personagens que mereciam ter adaptações não desmerecidas. Tudo isso dentro de um âmbito em que o livro
tinha histórias e contexto em abundância e teria que ser compactado para poucas
horas. Eu era aquela que afirmava quando
recebeu a notícia que “Mockingjay” seria dividido em 2, que preferia que “
Catching Fire” fosse. Afinal, diante do primeiro livro-filme, esse segundo
traria a história do primeiro – preparação para os jogos e arena – mais a
história da turnê e os primeiros levantes.
Como compactar sem cortar detalhes fundamentais ou deixar o filme
corrido demais?
Então, dia 15 chegou (consegui ir
a uma estreia, ainda que dublada, pela primeira vez.), e
todas as inquietantes questões seriam respondidas. E até agora ainda estou besta de terem fechado com A+ a maioria delas.
todas as inquietantes questões seriam respondidas. E até agora ainda estou besta de terem fechado com A+ a maioria delas.
Minha primeira consideração vem
das fidelidades, principalmente nas linhas orais; a falas. Para quem leu ao
livro e foi flechada com as intensas trocas de palavras na primeira cena de
destaque entre Katniss e o Presidente Snow, radiou ao ouvir a forma gradual
como ele ia expondo os efeitos de líderes rebeldes, do sistema de uma sociedade
totalitária e como manter a estrutura de repressores contra os repreendidos. A
sagaz Katniss e seu “... é frágil mesmo, se um punhado de amoras pode
derrubá-lo”. A cena retoma muito bem o embate entre os dois polos antagônicos,
abrindo o conflito do que a protagonista teria que enfrentar durante boa parte
do filme.
Outro ponto que destaco da
fidelidade que me encheram os olhos foi a quantidade de
cenas que eu jurava que
seriam deixadas de lado terem sido aproveitadas como detalhes. Claro que muitas
delas apenas foram absorvidas pelos fãs, mas que aglomeradas como um todo deu
ao filme um tom mais completo – um ponto que não vi no primeiro. Cenas entre Peeta e Katniss que mesmo fora de
seus âmbitos, foram adicionadas às outras e retomou a cumplicidade do casal que
pouco foi trabalhado no primeiro episódio. Cores favoritas, “Sempre”, pequenos
flashes de seus alentos e cuidados nas noites de pesadelos. E o que dizer do
sangue de Snow no copo de champanhe já abrindo ‘parênteses’ para fatos que
serão trabalhados nos próximos filmes. Para os novatos, possa ter até parecido
deslocado, mas se abordado posteriormente, achei fantástico a mostra prévia, prometendo
uma surpresa do entendimento posterior.
Precisava inserir uma foto desses dois fofos. Pode? |
E ainda abordando os detalhes - e
está aí uma palavras que podia muito bem definir o filme- agora
envoltos no contexto sócio-político e sua crítica ferrenha, as
analogias, ironia estavam subentendidas em muitas cenas, personagens e
abordadas. O que não faltava eram pequenas particularidades pela qual tirar uma
mensagem. Desde a pequenina neta do Snow, fantasticamente inserida para mostrar
que a influência de uma ideia percorre variados segmentos quando bem instalada,
à tacinhas que “ajudam” a consumir mais e mais alimentos, enquanto em distritos
pessoas passam fome.
Quanto a estrutura do filme, roteiro e evolução, em mim, digo que transcorreu perfeitamente. Diferente daqueles sedentos por ação e que alegam ter achado arrastado, digo que cada cena foi perfeitamente encaixada para explicar e trazer uma evolução. A primeira parte do filme fluiu de tal forma que em nenhum momento achei forçado. Diferente do primeiro longa que esta primeira metade seria uma grande apresentação do universo retratado atribuindo certa lentidão, desta vez o “fora da arena” já carregava o conhecimento de seu funcionamento e a rapidez com que fora jogava as cenas não se mostrou forçado. Ainda que digam ser uma reprodução do primeiro e assim soar ser um medo que me atingia, não achei que atribuiu a sequência o estigma de cópia da anterior. Era uma repetição necessária dos costumes, só que desta vez foi taxativa, sem delongas, como se os próprios personagens estivessem imperdoáveis quando à maçante tradição desgastada da Capital e usassem dela apenas para dar seu recado revoltoso. Treinamento? Enforco um antigo idealizador. Desfiles? Olhares desafiantes e duros. Entrevistas fúteis? Ofendo o sistema, retomo o símbolo que ferve o país. “Não queremos seu perdão”.
Vi em muitas críticas e
comentários a abordagem por falta de ação e sangue. E o que me parece é que
muitos ainda não entenderam que este segundo filme é extremamente mais político
que de agressão. Necessitava-se exaltar o contexto, as consequências dos feitos
dos primeiros Jogos e todo o fervor dela na sociedade, a própria postura
inquieta e desafiante anteriormente citada conjurando na Arena apenas a
representação do contra-ataque e de como usar este como ferramenta iminente
para a explosão da revolução.
Não trocaria a intensidade dos
levantes por nenhum banho de sangue na arena. Cinna apanhando, chicotadas e a
representação forte da repressão foram tão bem exploradas que dispensaram o
apelo compassivo pelas mortes na Arena. A grandiosidade de como os distritos já
se portavam inquietos foram o ápice do filme. A primeira cena da turnê da
vitória em que Peeta recusa discursos prontos firmando sua própria palavra e
Katniss até o momento retraída precisou deixar-se transbordar seus sentimentos
foi grandiosa. Seu contexto de “manter a
lembrança da mão de ferro e ainda comemorá-la” dissolvida na representação
sentimental e revoltosa calou até os mais barulhentos do cinema que estavam
gritando até quando apareciam os matos do distrito 12. A Jennifer Lawrence
trouxe as primeiras lágrimas do filme quando estampou em seu semblante a dor da
Katniss.
O estresse pós-traumático (que eu
pensava ser abordado só no terceiro) focado na Katniss intensificou ainda mais.
Mostrou o lado humano em paralelo ao universo manipulado e em revolução. Arena
não foi uma deliberada experiência. Apontar que seus efeitos são mais que a
representação de entendimento para a Capital que finda sua emoção quando se tem
um vencedor. Seus efeitos para quem vivenciou vai além que um mérito, é
doloroso, irreparável. A primeira cena
com o Marvel foi um choque e perfeitamente encaixada. Até um símbolo, uma
fundamental imagem de exemplos possui mais fraquezas que e instabilidades do
que se pode imaginar.
Parabéns a Jennifer Lawrence
representou tão bem está humanidade. Que deu vida, dor e inquietude as agonias
de Katniss.
Entretanto, outro ponto digno na
adaptação, foi o merecido foco e evolução em variados personagens. A evidente
valorização do Peeta foi algo orgulhoso de ver, o que riscou um dos meus
maiores temores. O personagem cresceu e mesmo mostrando-se impelido
sentimentalmente à Katniss, deixou notar que sua força não é física ou bruta e
sim vinda das particularidades de suas palavras, jeito com o público e
persuasão. Destaque total à Johanna Mason que roubou duas cenas dignas de “melhores”
no filme, tirando a roupa e soltando um belo palavrão ao vivo e a cores. Outro
personagem que achei muito bem trabalhado foi a Effie. Representante do lado
alienado da Capital, trouxe comédia ao filme – Quem percebeu e amou a tirada do
“mahogany” em homenagem ao sucesso que fez com os fãs?-, mas diferente do livro
mostrou também um lado mais humano. Tanto a cena na Colheita: tentava manter a
deturpada alegria, mas via-se no olhar e na situação tensa de armar suspense na
imutável escolha da Kaniss, um vestígio de desconforto. Quanto na despedida
para Peeta e Katniss.
Um balanço que deu uma dinâmica
ao filme foi o equilíbrio entre comédia e drama. Diferente do primeiro houve
muito mais cenas descontraídas que balanceava as angustias de cenas anteriores.
E o mais interessante é que esta comédia era provida justamente da alienação
dos cidadãos da Capital. Criticamente, eram tão exagerados em suas expressões –
à Caesar e Stanley Tucci, minha admiração; que figura e que interpretação -,
que representou nos risos que aquilo era o ridículo a ser dispensado.
Foram pouquíssimas coisas que
trago como demérito. Muitos citam a falta do massacre em que Haymitch vence,
entretanto eu acharia que seria corrido demais para se acrescentar. Acho que
eles têm um “Mockingjay – Parte 1” em aberto que se utilizado com inteligência
para não parecer deslocado, poderiam abordar tal cena. Quando saí do cinema,
minha primeira consideração foi a falta do relógio de Plutarch, porém, melhor
pensado, a exibição desse, considerando quem apenas está vendo o filme,
deixaria óbvio a traição e duplo lado do personagem. Para quê tirar o gostinho
da cena em que Snow o clama e não temos não nada como resposta? Portanto, o
único fato efetivo que considero ter sido desvirtuado e mal utilizado, foi a
estratégia de gravidez. Foi uma tática desesperada, ótima para atrair mais
revoltas, mas foi utilizada apenas e unicamente naquele momento. Senti falta da
menção dela na arena, em como “o joguinho para as câmeras” poderia ser mais
aproveitados para continuar com a estratégia. Pareceu que foi esquecido diante
do roteirista, o que deixou a tirada como algo meio desnecessário – o que não
seria.
Contexto, temática, elenco,
efeitos visuais, fotografia, trilha sonora. O conjunto do filme se resume numa
explosão de produção, e como fã acho muito difícil não ter sido agradado com a
adaptação, levando em conta que cinema e livro são dois veículos distintos de
reprodução, cada um com sua particularidade.
Aproveitem o que o filme há para
mostrar sem assumir uma postura negativa ou contrária apenas por ele está “nos
holofotes”. E ainda que não seja a melhor produção do mundo ou ainda a melhor
distopia existente, ressalto que em meio a tantos gostos vazios que circulam o
mundo jovem, é válido uma história que possa acrescentar uma reflexão. E fãs,
não encarem apenas como uma sociedade legal que ‘queriam fazer parte’ ou um romancezinho
para entrar em discussão (não tem nem o que discutir, né? Peeniss é vida. Ok.).
Temos elementos pelos quais surtar e reagir como fãs, e isso são válidos e até
inevitável. Só não deveríamos deixar que tais seguimentos cegar a boa mensagem
que a trilogia trás, fazendo de seu objetivo um efeito contrário.
PS lembrados de última hora:
1- Enganaram-nos direitinho no Trailer final, hein? E pensamos que a cena da Katniss na árvore atirando era a cena final... HAHA.
2- Beach Scene, ah... querida, Beach Scene. Tudo bem que não foi o idealizado, mas valeu pelo beijo, certo?
3- A evolução do Tordo: Jogos Vorazes, Em Chamas e por fim, o Tordo liberto de A Esperaça arrepiou demais e juntamente com olhar desafiador de Katniss só vez crescer a ansiedade para o começo do fim. E àqueles que dizem que não ouve uma conclusão? Se é uma saga, é porque ainda há coisa para contar. E um círculo foi fechado sim nesse filme: Não há mais o que camuflar, apaziguar, a revolução começou, Panem está em guerra.
4- (Sujeito a edição: Vou deixar reservado caso lembre de mais alguma coisa, o que com certeza farei.. ).
Nenhum comentário:
Postar um comentário